Alma Minha

Escritos e "guardados" que refletem um tempo, uma época, uma alma.

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Local: São Paulo, São Paulo, Brazil

01 agosto 2006

Estou inaugurando o meu blog. E como o próprio nome diz - Alma Minha - é um espaço para registrar minha alma. E anseios, dúvidas e certezas, alegrias e tristezas, desabafos...

Quando comentei aqui no trabalho que estava inaugurando "o meu" blog, a pergunta primeira e imediata foi: "o que você pretende com ele?". Pois é exatamente isso que pretendo com ele: transformá-lo em Alma Minha, minha alma. As coisas que não digo, escrevo.

Se por acaso alguém se interessar em ler o que vou registrando aqui, que fique bem informado: é minha alma que está aqui. Lavada e enxaguada. Pretendo recuperar meus textos antigos, penso em guardar/expor aqui minhas cartas de editor (talvez até trabalhá-las com mais porquês, desnudá-las, quem sabe, e assim desnudar também minha alma).

Já que estamos inaugurando este espaço, gostaria imensamente de dedicar este momento ao meu pai, à sua memória, às suas histórias, à sua lembrança, aos seus ensinamentos, à fibra e à garra que norteou (e norteia) meu caminhar. Quando ele morreu, enviei um texto (feito de alma) para o Estadão. Que acabou sendo publicado. Também fiz um texto que passei para todos os coleguinhas aqui do trabalho. Foram momentos carregadíssimos de emoção para mim. Mais do que perder o pai, o ser humano que estava sofrendo, já incapacitado para a vida, que acabou se tornando um descanso mesmo, foi a perda do referencial. Nem tanto o do momento atual, mas o "conjunto da obra".

A lembrança mais contundente que tenho de meu pai é, na verdade, uma lembrança escrita. Que quero partilhar aqui, com minha alma. Antes, uma pequena localização espaço-temporal (quem me conhece sabe, bem, da minha capacidade de "contadora de histórias"). Meu pai, ucraniano, filho de roceiros, aos 14 anos de idade foi capturado pelos alemães no início da II Guerra e levado a um campo de refugiados. Ao final da Guerra, com a chegada dos Aliados, a opção de embarcar em um de dois navios: um que ia para a América do Sul - Brasil e Argentina - e outro para a América do Norte - Estados Unidos e Canadá. Meu pai, pouco mais que um adolescente (pela idade) e bem adulto (pela vivência), registrou todas estas questões num caderninho, num diário, a versão ancestral do blog. E descobri, já casada e mãe, no meio dos "guardados", o caderninho. Que começava com a seguinte frase: "abandonei tudo, tudo, na pátria-mãe e me aventurei pelo estrangeiro". Daí em diante vinha sua história, suas dúvidas: "em que navio embarcar?", "que fila pegar? a da direita ou a da esquerda?". Acho que ele pegou a fila certa.

Por isso, em homenagem ao primeiro "blog" que conheci, em homenagem ao meu referencial de vida e alma, em homenagem ao meu papai - Stefan Samila - Alma Minha!