Alma Minha

Escritos e "guardados" que refletem um tempo, uma época, uma alma.

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Local: São Paulo, São Paulo, Brazil

02 agosto 2006

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A emoção da chegada.
O orgulho de mostrar no corpo
Não uma oposição política,
Mas uma situação da alma.
O orgulho de ostentar no rosto
O sorriso de alegria.
O orgulho de trazer no olhar
A ansiedade da espera.
O orgulho de trazer nas mãos
As boas vindas.
A garra de aceitar
E enfrentar
Depois.
Como é bom se sentir,
De repete,
Na terra da gente,
Como que chamando
à Pátria.
Como foi bom ouvir
O idioma que não é o nosso
Mas que é o que compreendemos.
Como foi maravilhosa
A sensação
Da descoberta.
Como foi sensacional
Empunhar a bandeira
Invisível,
Imperceptível,
Onde estava hasteada
A alma.
Indescritível a emoção
De descobrir o sol
Iluminando
Lá e Aqui
Ao mesmo tempo.
Impossível esconder
As lágrimas.
Incrível apertar contra o peito
Um pedaço da gente
Um pedaço de quem
Nem ouvimos falar
E que, no entanto,
Nos estende a mão,
Nos olha,
Nos sorri,
Não nos fala nada.
E, no entanto,
Estabelece o elo
Que finda a procura,
Firma o pacto
Do próprio encontro de si.
Inimaginável se furtar
Ao aperto de mão.
O ver se afastar devagar.
A promessa de, apenas,
Um até breve.

O atraso,
O teatro lotado,
A distância de ver,
A proximidade de sentir,
O aperto na alma
A cada voz ouvida,
A cada passo dado,
A cada nota emitida.
A alegria de,
Na madrugada,
Cumprimentar as pessoas,
Mesmo com a revolta latente
De ouvir,
Entre tantos hinos
À beleza,
À alegria,
À pureza,
À terra,
Ao ideal,
À Pátria,
Um hino de tristeza.
A emoção de sentir,
Não apenas a nossa revolta.
As palavras fugidas,
Os gestos escondidos,
O movimento discreto,
De um presente que troca
De mãos.A alegria de se saber
Também sentida,
Notada,
Não pelas palavras mal faladas,
Mas pelo sentimento
Que as próprias palavras
Traziam.

Um almoço corrido
E concorrido.
Onde entre tanta coisa,
O que menos houve
Foi o próprio almoço
As surpresas se seguindo
Uma após a outra.
As descobertas dos dois lados.
As diferenças entre os dois hemisférios.
As preocupações com perguntas
Indiscretas,
Que nada de novo poderia trazer.
As não-perguntas
Que muito de novidade
Mostraram.
O disfarçar diante de um quadro
E outro.
As confidências,
Paralelas,
E paradoxais.
O voltar no meio da festa
E deixar para trás
Muita coisa importante
Vista e ouvida
De longe, apenas.
Uma canção vibrante,
Cheia de campo.
Uma música triste,
Cheia de terra.
Um desenho na parede,
Cheio de lembrança.
Tantas lembranças,
Quanto nossas próprias lembranças
Tão vividas
Quanto as nossas mesmas.
O perceber de algo no ar.
Algo de pesado
Como uma negra nuvem,
Envolvente,
De fumaça.

O silêncio de uma noite em casa,
Quebrado por notícias
E notícias

29.05.79
20:05h

Este é um poema antigo (ui...), um dos meus muitos "guardados". Na verdade o que localizei ainda é do tempo da lauda e da máquina de "tipo pequeno". Começa na lauda 5. Acho que há laudas anteriores. Vou procurar. Mas essa é uma história que marcou indelevelmente minha vida e minha alma.