Alma Minha

Escritos e "guardados" que refletem um tempo, uma época, uma alma.

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Local: São Paulo, São Paulo, Brazil

14 agosto 2006

Desceu a noite.
Com seu véu de mistério,
Com sua sombra de sono,
Com seu ar de repouso.

E a noite desceu,
Trazendo o mistério,
O sono,
O repouso.

E veio embalar em seu regaço,
A calma,
A paz,
O amor.

Vieram os homens.
Sem véus a lhes cobrir o rosto,
Sem sombra de sono,
Sem repouso no olhar.

E os homens vieram,
Levando o mistério,
O sono,
O repouso.

E vieram embalar em suas mãos,
A agitação,
A guerra,
O ódio.

Chegaram as mulheres.
E o sol espalhando luz pela terra,
Veio descobri-las.
E a aurora,
Vestida de dourado,
Veio saudá-las.
E as flores se abriram
Para sorver-lhes o perfume.
E os pássaros entoavam
Deliciosas melodias
Ao vê-las passar.

E homem e mulher
Se encontraram.
Dois frutos distintos
Da mesma Natureza.

E homem e mulher,
Juntos,
Saudaram o sol,
A luz,
A aurora,
As flores,
O perfume,
Os pássaros,
As melodias,
E o homem,
E a mulher.

E a mulher,
Tomando das mãos
Do homem,
A agitação,
Embalou-a
E fê-la adormecer.
E novamente,
Tomando das mãos dele
A guerra,
Deu-lhe palmadas,
E fê-la
Quieta,
Encostar-se a um canto.
E pela última vez,
Tomando-lhe o ódio,
Encarou-o,
E deu-lhe flores
Para que pudesse,
Sorrindo,
Amá-las.

E o homem,
De mãos vazias ficou.
E encarou a mulher.

No horizonte
Infinito,
O sol se punha,
Avermelhando
O céu,
A terra,
O mar,
O rio,
O lago.

E seus últimos raios,
Cor de sangue,
Vieram despedir-se
Da mulher,
E do homem.
E as flores se fecharam.
E os pássaros se calaram.

Mas o homem,
E a mulher,
Ainda se encaram.

E novamente desceu a noite.
Generosa.
E ao homem e à mulher,
Encheu-lhes as almas
De mistério.
Cobriu-lhes os olhos de sono,
E impregnou-lhes o corpo de repouso.

E a noite depositou
Nos braços da mulher,
A calma,
A paz,
O amor.

E o homem se aproximou
De mãos vazias.
E a mulher estendeu-lhe
As mãos cheias.

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E o dia amanheceu
Com cor de pecado

13/02/75