Alma Minha

Escritos e "guardados" que refletem um tempo, uma época, uma alma.

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Local: São Paulo, São Paulo, Brazil

13 outubro 2006

Mais um dia chegou.
Mais um dia que agora,
Diante dos olhos se abre
Num bocejo de manhã.

O sol brilha lá fora.
O céu azul convida
Os pássaros a cantar
Suave melodia.

E uma nuvem peregrina
Com lágrimas no olhar
Esconde os raios de sol
Para com eles brincar.

O sol amigo e gentil
Sorri para a nuvenzinha
Com um afago sincero
A enche de raios de luz.

E a nuvem peregrina
Vai-se embora sorrindo
Vai-se embora contente
Sem lágrimas no olhar.

E ao longe nuvenzinha
Parece sorrir ao sol.
E ele abrindo os braços
(preguiça? ou afago?)

Com um sorriso amplo
Grande, misterioso,
Com seus raios de alegria
Ao afagar a nuvenzinha.

Acende em cada janela
Fechada ou aberta,
Acende em cada rosto
Feliz ou infeliz,

Acende sobre a terra
Um algo de alegria
E um dia que começa
Outro dia que termina.

E seus raios trazem
Qual onda de mar
Um impulso novo
“Vem pra frente, vem.

Vai, caminha sorrindo.
Vai, eu vou te guiar.
Vem comigo sem parar,
Sempre em frente, vem.

Vem, eu sou teu guia,
Vem comigo a cantar.
E quando eu for embora
Só não vais ficar”.

E como onda de mar,
Raiozinho de sol
Consegue impulsionar
A vida para a frente.

E quando for embora
Como onda de mar,
Sobre os rostos das pessoas
Sobre a terra deixará

Um pouco da sua alegria
Um pouco do seu carinho
Um pouco da sua amizade
E então saberemos amar.

Olhos de cobra,
Venenosos,
Verdes,
Fundos.
Poço de mistério
Qual oásis no deserto.
Que esconderá por trás
Dessa limpidez,
Dessa pureza,
Dessa maravilhosa visão?
Será um fundo poço
De águas turvas,
Coberto pela cristalinidade
Da água pura?
Será um falso verde
E belo verde
Qual a coral
Que por um lado
Esconde a jóia
E por outro
O veneno?
Onde haverá verde
Tão verde,
Tão profundo,
Tão sério?
Ou será tudo uma grande
Festa
Onde brilham as luzes
Artificiais
Escondendo do povo
A luz do dia ou
Da noite.
Haverá um dia
Ou uma noite
Por trás deste
Verde olhar?

27/11/77

Tudo vai bem, obrigado.
Tudo na mais perfeita ordem.
Meus sapatos não apertam,
Minhas meias, não esquentam.

Que me importa agora,
Se o sol está brilhando
Como um sorriso de mulher
E hoje só é sexta-feira?

Que me importa agora
Se o telefone tocar
Como um besouro irritante,
Se amanhã é sábado?

Vai tudo bem, obrigado.

E hoje, cá estou eu.
Elegante, gente bem,
Prestimosa, atenciosa,
Cheia de classe e charme.

E aguardo impaciente,
O “trimm” do besouro,
O sol na janela,
E a noite chegar.

E o “trimm” do besouro não vem,
E o sol some da janela,
E é só meio-dia
No primeiro dia de outono.

E impaciente um cigarro,
E outro, e outro.
Ansiosa e impaciente
Espero a noite chegar.

E a noite desce, devagar,
E eu divago e quero ser
Eu.
Tudo vai bem, obrigado.
Tiro os sapatos que matam
De dor.
Tiro as meias que sufocam
De calor.
E tiro a elegância e o charme
E vou ao encontro de mim.

E uma tarde inteira
No aguardo de você.
E uma tarde corrida,
Inútil,
Em busca de você.

E a noite nos encontra
Abraçados, sufocados.
Eu, mais você.

No silêncio da noite,
Sem sapatos, sem meias,
Elegância e charme,
Os cabelos em desalinho,
Eu me encontro.

Uma tarde inútil na busca
De mim.
Uma tarde inteira na espera
De você.
E a noite vai nos encontrar
Juntos.

“Mais um adeus,
Uma separação...”

E você vai.
Em busca da noite.
E eu vou.
Em busca da manhã.
E nos teus sonhos,
Eu sou a estrela
Que te sorri,
Que te dá de beber,
Que é a única entre mil.
E na minha manhã
Você é o sol
Que me desperta;
É a luz que me ilumina;
É o canto da vida;
É a poesia de ser.

E eu vou ao teu encontro
Vestida de manhã.
E você vem me buscar
E me envolve
No manto da noite.

E vamos nos encontrar

Na aurora de um novo dia...

21/03/75